terça-feira, 1 de outubro de 2019

Mensagem: Poema Ulisses

 A poesia de Mensagem é considerada épico-lírica, conjugando a matéria épica que explora com um registo essencialmente fragmentário e marcado pela subjetividade intimista da linguagem. Assim, apenas em alguns poemas o autor recorre a um estilo mais marcadamente eufórico e épico, como no caso de “O Mostrengo”, ou remete para realidades do domínio essencialmente físico e humano, como em “Mar Português”, privilegiando, antes, a abordagem mítica de figuras e acontecimentos.

Ouvir a síntese da obra Mensagem



Estrutura da obra Mensagem

Análise do poema Ulisses: 
Ouve aqui
 

Mito – narrativa oral ou escrita, com personagens ou feitos fantasiosos, que tem por base um facto real.
  ULISSES
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo —
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
Fonte
 ...
Análise do poema Ulisses
Leitura | Compreensão
1. Na segunda estrofe. O título do poema remete para a figura do herói clássico Ulisses,
de quem se fala nessa quintilha, sem nunca se nomear, enquanto “mito” fundador da
cidade de Lisboa.
1.1. Nas estrofes um e três, o sujeito poético define e explicita as funções do mito.
1.2. Com o exemplo de Ulisses e da sua importância na fundação lendária de Portugal,
na segunda estrofe, exemplificam-se as características do mito apresentadas nas
restantes.
2. Ulisses criou-nos, pois, segundo a lenda, fundou a cidade de Lisboa. Por outro lado, a
gesta de Ulisses ajuda a explicar a vocação marítima dos portugueses, ou seja, o herói,
com o seu exemplo, terá inspirado o povo português a explorar o mar.

(Manual Português EP, Porto Editora)  

Resumo

"Brasão" é o título da primeira parte do livro Mensagem, de Fernando Pessoa.
Compreensão do poema "Ulisses".
O título do poema remete para a figura do herói clássico Ulisses, de quem se fala, na segunda estrofe (quintilha), sem nunca se dizer o seu nome, enquanto “mito” fundador da cidade de Lisboa.
Nas estrofes um e três, o sujeito poético define e explicita as funções do mito. Com o exemplo de Ulisses e da sua importância na fundação lendária de Portugal, na segunda estrofe, exemplificam-se as características do mito apresentadas nas restantes.
Ulisses criou-nos, pois, segundo a lenda, fundou a cidade de Lisboa. Por outro lado, as façanhas de Ulisses ajudam a explicar a vocação marítima dos portugueses, ou seja, o herói, com o seu exemplo, terá inspirado o povo português a explorar o mar.
O que Fernando Pessoa parece querer dizer neste poema é que não importa se os heróis fundadores da nação portuguesa existiram ou não, o importante é que todos tenham vivido com a força do mito, que não existindo, é tudo. Desta maneira, todos os heróis se surgem nos poemas de Mensagem, são heróis mitificados, mesmo que tenham existência histórica, feita de sucessos e fracasso, nada disto importa.

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